sábado, 23 de junho de 2012

OS MEUS DIAS

Os meus dias são todos feitos
De um céu estático, de paragens mortas
E meus soluços são liquefeitos 
Pelas grossas lágrimas que meu rosto corta.


Os meus dias amanhecem escuros
O sol não brilha, a paisagem dorme
E nas trevas onde eu procuro
Encontro apenas minha dor enorme.


Os meus dias são de intensidade vaga
De queima inútil de energia
Pois sempre a luz interna apaga
Torna-se gelo toda ardentia.


Os meus dias são de tristeza vã
E eu costumo vagar perdida
Com a incerteza se amanhã
Estarei presa ainda a esta vida.


Janete Roen
A luz trêmula brilha fraca
No fim do túnel da esperança
E essa luz no fim destaca
O sonho fugaz, a velha dança.

Provoca a alma seu fulgor
Mas a voz te diz abana
Desses olhos negros esse palor
Que teus olhos essa luz engana.

Janete Roen
Sou apenas uma sombra
Sobre as horas mortas dos dia
Uma tênue rosa rubra
Que teu olhar alicia.

Sou apenas uma imagem
Dispersa pelo vento
Como as nuvens de passagem
Passo em teu pensamento.

Sou um sopro mais quente
Por dento de uma aragem fria
Sou tua memória ausente
Vestida de nostalgia.

Eu moro não sei onde
Desfaço-me na clareira
Do dia que nasce e me esconde
Só a noite me mostra inteira.

Janete Roen
Vivo com a cabeça
Sob a espada do destino
Se é dia ou entardeça
A sentir-lhe o aço fino.

Vivo como quem pressente
O mal, a dor por perto
Cercada pelo deserto
Longe de todas as gentes.

Janete Roen

A DOR

Sinto a dor a me abordar
De longe ela me acena
E apesar de tão serena
Não sei se vou suportar.

Eu sei que ela já vem
Reconheço a cara dela
As mil faces que tem
É a dor... é ela.

No coração já aportou
Pressente a tormenta
Já se instalou
Fez-se noite: -- Aguenta!

Janete Roen

terça-feira, 19 de junho de 2012

INSÔNIA

As almas passeiam na noite silente
As almas não dormem também eu não durmo
Meu pensamento é um rio corrente
Que leva pra longe suas águas sem rumo.

A madrugada é longa e escura
Na madrugada me movo no escuro
Mas sei que o dia já vem em brancura
E dessa noite também já me curo.

Ouço ao longe um galo cantando
Ouço bem perto um barulho intrigante
São os sons da noite apressada passando
E atrás vem o dia de luz radiante.

Abre-se enfim a pálpebra do dia
Abrem-se as janelas das casas, felizes
O sol já bem alto sua luz irradia
Das cores desvenda seus muitos matizes.

Com os olhos cansados da noite em vigília
Da noite em dia virada ao avesso
Persigo esta noite por mais uma milha
O sono me vem enfim adormeço.

Janete Roen